UMA PALAVRA SOBRE O GERUNDISMO
FREIRE, SCHMITZ e ABAURRE: olhares sobre o gerundismo.
Contra a mania [quase doença] do uso gerúndio
Novo vício de linguagem – do mesmo naipe de “a nível de” – o gerundismo ameaça tomar conta de nosso idioma.
Oriundo de expressões usadas por atendentes de telemarketing, a praga já começa a ser combatida. O portal IG criou o Dia Contra o Gerúndio, inspirado por um artigo do publicitário e colunista do JT, Ricardo Freire, que se transformou em uma corrente da Internet. Ricardo Freire está, obviamente, contente com a repercussão alcançada. “Acredito que o texto chamou atenção porque o gerúndio saiu do gueto do telemarketing e tomou as ruas.” O pomo da discórdia é o uso do verbo “estar”, acompanhado do gerúndio, para designar uma ação no futuro, como ”vou estar te ligando” ou ”estaremos abrindo”. O jornalista e autor do Manual de Redação e Estilo do Grupo Estado, Eduardo Martins, também já pesquisou o assunto e condena o mau uso do gerúndio. “Isso é uma influência maldigerida do inglês em frases como will be sending [‘vou mandar’ e não ‘vou estar mandando’]”, explica Martins, que já abordou o assunto em seu programa De Palavra em Palavra, na Rádio Eldorado, e no suplemento Estadinho. Leia o texto e divirta-se:
Para você estar passando adiante
Por Ricardo Freire
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna: o gerundismo. Você pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou estar enviando pela Internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e, quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando. Sinta-se livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achando necessárias, de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infectadas por esta epidemia de transmissão oral.
Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo. Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito.
Até porque, caso contrário, todos nós vamos estar sendo obrigados a estar emigrando para algum lugar onde não vão estar nos obrigando a estar ouvindo frases assim o dia inteirinho. Sinceramente: nossa paciência está estando a ponto de estar estourando.
O próximo “Eu vou estar transferindo a sua ligação” que eu vá estar ouvindo pode estar provocando alguma reação violenta da minha parte. Eu não vou estar me responsabilizando pelos meus atos. As pessoas precisam estar entendendo a maneira como esse vício maldito conseguiu estar entrando na linguagem do dia-a-dia.
Tudo começou a estar acontecendo quando alguém precisou estar traduzindo manuais de atendimento por telemarketing. Daí estar pensando que ”We’ll be sending it tomorrow” possa estar tendo o mesmo significado que ”Nós vamos estar mandando isso amanhã” acabou por estar sendo só um passo. Pouco a pouco, a coisa deixou de estar acontecendo apenas no âmbito dos atendentes de telemarketing para estar ganhando os escritórios.
Todo mundo passou a estar marcando reuniões, a estar considerando pedidos e a estar retornando ligações. A gravidade da situação só começou a estar se evidenciando quando o diálogo mais coloquial demonstrou estar sendo invadido inapelavelmente pelo gerundismo. A primeira pessoa que inventou de estar falando ”Eu vou tá pensando no seu caso” sem querer acabou por estar escancarando uma porta para essa infelicidade lingüística estar se instalando nas ruas e estar entrando nas nossas vidas. Você certamente já deve ter estado estando a estar ouvindo coisas como “o que cê vai tá fazendo domingo?”, ou “Quando que cê vai tá viajando pra praia?”, ou “Me espera, que eu vou tá te ligando assim que eu chegar em casa”. Caramba!
O que a gente pode tá fazendo pra que as pessoas tejam entendendo o que esse negócio pode tá provocando no cérebro das novas gerações?
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de desmoralização à qual precisaram estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos, como o “a nível de”, o “enquanto”, o “pra se ter uma idéia” e outros menos votados.
A nível de linguagem, enquanto pessoa, o que você acha de tá insistindo em tá falando desse jeito?
Vou estar defendendo o uso do gerúndio
Por John Robert Schmitz*
“A gerência vai estar transferindo 3 mil reais de sua conta”. Quem falar ou escrever uma frase assim atualmente corre o risco de ser ridicularizado. Culpa do gerúndio (e de sua junção com os verbos ir e estar), tachado de “assassino” do idioma por alguns gramáticos e formadores de opinião da mídia. Esse gerúndio é vítima da irritação dos usuários, com seus maiores divulgadores, os operadores de telemarketing, que nos obrigam a sofrer para ter acesso telefônico a serviços de empresas. Mas será que o equívoco nesse processo é justamente o uso do gerúndio? Seria o gerúndio um erro gramatical da mesma ordem de falhas como “se eu dispor” em vez de “se eu dispuser” ou “interviu” em vez de “interveio”? E, afinal de contas, o que é que o gerúndio “está assassinando”?
Para desprestigiá-lo, um observador afirmou que o gerúndio é uma figura desnecessária, um drible a mais na comunicação. Dizem, por exemplo, que “estar cuidando” tem o mesmo sentido que “cuidar”.“Querem colocar o idioma numa redoma e não reconhecer que ele muda ao longo do tempo” Mas todos nós temos o direito de usar ou não usar certa palavra, expressão ou locução. Qualquer idioma serve às intenções comunicativas dos seus falantes. Um determinado usuário pode dizer “vamos estar cuidando do seu caso” quando tem interesse em expressar continuidade, cordialidade ou polidez, ao passo que outro falante pode desejar ir direto ao ponto, recorrendo à forma simples: “Vamos cuidar do seu caso” – que caracteriza um tratamento mais descomprometido ou “seco”.
Outros falantes alegam que “vai estar transferindo” significa que repetidas transferências de dinheiro serão feitas pela agência bancária. É uma interpretação pessoal, que nada tem a ver com as regras da gramática. Além disso, qualquer cliente sabe que os bancos cuidam bem de suas contas e nunca vão esbanjar dinheiro fazendo transferências à toa. Ainda mais levando-se em conta a voracidade da CPMF.
A campanha contra o gerúndio, creio, é fruto de preconceito lingüístico sem embasamento numa pesquisa de campo entre os diferentes tipos de usuários de português em diferentes contextos. Pergunto por que os desafetos do gerúndio condenam a frase “Ele vai estar chegando na parte da tarde” quando os mesmos aceitam tranqüilamente a presença dos verbos modais: “Ele pode estar chegando, ele deve estar chegando, ele tem de estar chegando na parte da tarde”?
Subjacente à polêmica em torno da campanha de cassação do gerúndio, existe uma vontade geral de colocar o idioma numa redoma e não reconhecer que ele muda ao longo do tempo. O português da época de José de Alencar é diferente do português contemporâneo. Todas as línguas vivas inovam graças à criatividade dos seus usuários. Alguns críticos, com o intuito de proteger e manter o idioma estável, implicam com novos verbos, como “disponibilizar”, novos substantivos, como “descatracalização”, novos adjetivos como “imexível” e “descuecado” ou até com estrangeirismos (sem equivalentes em português), como “dumping” e “ombudsman”.
Para tentar banir o gerúndio do idioma, alguns observadores questionam as credenciais do mesmo e sugerem que ir+estar+verbo no gerúndio é resultado da invasão sintática do inglês. Essa crença não procede porque, em primeiro lugar, os falantes em questão nem sempre dominam o inglês o suficiente para o idioma estrangeiro interferir no português. Em segundo lugar,o português brasileiro apresenta uma variedade de gerúndios – e o inglês não. Alguns exemplos: “Olha, está querendo chover!”, “Não estou podendo tirar férias agora”. Cabe observar também que os idiomas francês e alemão não têm gerúndios. É a presença no idioma de uma sentença como: O plantonista está atendendo amanhã na parte da tarde” que serve como “ponte” para a realização de: “O plantonista vai estar atendendo amanhã na parte da tarde”. Na verdade, ao lado de formações como o infinitivo conjugado (“para comprarmos”), a “mesóclise (“dir-se-á”) e o futuro do subjuntivo (“se ele der”), a presença de gerúndios contribui para diferenciar o português de todas as outras línguas. É como Zeca Pagodinho e caipirinha: só o Brasil tem.
*Nasceu nos Estados Unidos e tem 69 anos – 35 deles vividos no Brasil. É integrante, e ex-chefe, do Departamento de Lingüística Aplicada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Revista Superinteressante
(Março – 2005)
Abra o olho: o gerundismo ataca quando menos se espera!
Maria Abaurre*
Você pega o telefone para fazer uma queixa e, do outro da linha, uma operadora informa: “nós vamos estar passando o problema para a equipe técnica”. “Vamos estar passando”? Pois é, quantas vezes você ouviu uma estrutura parecida com essa nos últimos tempos? O curioso acerca do fenômeno é que, não importa quão atacada e condenada pelos gramáticos de plantão, essa “moda” continua a se espalhar país afora.
De onde surgiu tal estrutura? Sua origem mais provável são os manuais americanos de treinamento de operadores de telemarketing, nos quais uma estrutura típica do inglês (‘we ll be sendig / doing / writing x tomorrow’) aparecia com freqüência. Na versão rápida desses manuais para o português, a estrutura ganhou tradução literal (‘vamos estar enviando / fazendo, escrevendo x amanhã’) e desencadeou a moda que é chamada por alguns de “secretariês”, por ser muito utilizada por secretárias.
Antes de simplesmente condená-la como um erro, ou julgar ignorantes as pessoas que utilizam, deveríamos fazer uma análise rápida que nos permitisse responder a uma pergunta: tal estrutura cumpre alguma função na língua ou é mero modismo?
Os detratores da associação de dois verbos auxiliares (ir + estar) argumentam que, em lugar de dizer “vamos estar enviando”, o falante poder recorrer a duas estruturas típicas do português: o futuro simples (‘enviarei’) ou composto (‘vamos enviar’). É preciso cuidado, porém, porque o sentido das expressões não é idêntico.
Quando alguém diz “vou estar enviando”, cria uma expressão de aspecto verbal durativo, ou seja, anuncia um evento que demorará algum tempo para se realizar. Assim, se usamos apenas um verbo auxiliar na construção de um tempo composto, temos a indicação de realização futura de um evento. É o caso, por exemplo, de “vou mandar”, em que o verbo ‘ir’ indica futuro e o verbo ‘mandar’ identifica a ação a ser futuramente realizada.
Se, na mesma situação, usamos a forma “vamos estar mandando”, acrescentamos um aspecto durativo ao evento. Nesse caso, ‘ir’ denota futuro e ‘estar’ indica duração da ação a ser realizada. O sentido, portanto, é ligeiramente diferente daquele obtido pelo uso de ‘vou mandar’ ou ‘mandarei’, em que apenas o aspecto futuro está marcado.
Talvez, originalmente, as pessoas tenham optado por essa forma por uma questão pragmática: ela sugere gentileza, deferência. Em lugar de simplesmente negar um pedido (‘não poderei comparecer’), suaviza-se a força da negação com o acréscimo de mais um auxiliar (‘não vou poder estar comparecendo’). Soa menos brusco, não é mesmo?
Por outro lado, pode-se perguntar se o uso dessa construção não denotaria falta de compromisso. Se digo “mandarei”, ou “vou mandar”, assumo que algo será feito. Se recorro a “vamos estar mandando”, o comprometimento parece ser menor.
Talvez você imagine que estamos defendendo o uso dessa polêmica estrutura, mas não se trata disso. O que queremos é que, em lugar de repetir um julgamento apressado, você procure entender que as construções lingüísticas podem ser objeto de análise.
Feita a análise, é o momento de constatarmos algo importante sobre as línguas: elas mudam, são dinâmicas. Freqüentemente, as formas que são consideradas erradas e / ou feias em uma época acabam por ser consideradas corretas e elegantes em outra. O que determina a mudança e a aceitação é o uso. Portanto, quanto mais a construção “vamos estar + gerúndio” for utilizada, mais forte será sua penetração no português. Se você não gosta de construção, então é hora de estar parando de falar assim…
*Maria Luiza Abaurre é Mestre em teoria literária pela UNICAMP e consultora do ENEM / INEP / MEC
PREPARE-SE: VESTIBULAR
1. (UFMG) Leia este trecho:
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortando, estar imprimindo e estar fazendo diversas cópias, para estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comunicação moderna, o gerundismo. […]
Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando, o objetivo deste movimento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha das pessoas que costumam estar falando desse jeito sem estar percebendo.
Nós temos que estar nos unindo para estar mostrando a nossos interlocutores que, sim!, pode estar existindo uma maneira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito […]
A única solução vai estar sendo submeter o gerundismo à mesma campanha de desmoralização à qual precisaram estar sendo expostos seus coleguinhas contagiosos como “a nível de”, o “enquanto”, o “pra se ter uma idéia” e outros menos votados.
A nível de linguagem, enquanto falante da língua, o que você acha de ta insistindo em ta falando desse jeito?
Internet, apud GASPARI, E. Estado de Minas. Belo Horizonte, 18 mar. 2001.
Redija um texto, discutindo o uso do gerúndio nesse trecho. No texto elaborado, destaque três exemplos de diferentes empregos do gerúndio do trecho lido e mostre como podem ser substituídos por formas verbais mais adequadas. Nessa substituição, considere o registro culto do português brasileiro e mantenha o sentido original.
2. FUVEST – 2005 Sobre o emprego do gerúndio em frases como: “Nós vamos estar analisando os seus dados e vamos estar dando um retorno assim que possível”, um jornalista escreveu uma crônica intitulada: “Em 2004, gerundismo zero!”, da qual extraímos o seguinte trecho:
Quando a teleatendente diz: “O senhor pode estar aguardando na linha, que eu vou estar transferindo sua ligação”, ela não entende por que “Eu vou estar transferindo” é errado e “Ela está falando bonito” é certo.
a) Você concorda com a afirmação do jornalista sobre o que é certo e o que é errado no emprego do gerúndio? Justifique sua resposta.
b) Identifique qual de seus vários sentidos assume o sufixo empregado na formação da palavra “gerundismo”. Cite outra palavra em que se utiliza o mesmo sufixo com esse mesmo sentido.
3. (CSSG MT / Gláucia) Leia os textos e responda à questão:
Texto 1
O futuro do gerúndio
“Você já se irritou hoje? Não? Parabéns: você não deve ter telefonado para o seu banco até o momento. Porque qualquer operação bancária que você faça ao telefone com um ser humano do outro lado da linha vai necessariamente envolver uma resposta no odioso futuro do gerúndio.
Sim, você conhece muito esse tempo verbal – só não sabia que ele se chamava assim. Nós vamos estar creditando 500 reais na sua conta, os talões vão estar sendo enviados para a sua casa, vai estar sendo debitado da sua poupança – frases que a gente ouve mais do que “bom dia”, não é mesmo?
Pois bem. Até quando você e eu vamos estar sendo submetidos a esse martírio? Por que temos que estar obrigados a estar tendo que ouvir frases que vão estar contaminando o nosso cérebro a longo prazo? Quanto tempo vamos estar demorando para passar a estar falando desse jeito na vida real?”
FREIRE, Ricardo. The best of Xongas. São Paulo: Mandarim, 2001.
Texto 2
De acordo com os textos, julgue:
I. Ricardo Freire, no texto transcrito, trata da inadequação de uma construção gramatical comumente utilizada por secretárias, atendentes de serviços telefônicos e funcionários de bancos. Tal construção é ilustrada pela tira de Laerte, na qual se verifica o gerundismo de que trata Freire ao usar “Não estou entendendo: seria ou é?”.
II. O gerundismo, na tira, está usado inadequadamente, porque o sentido que se pretende é o de ação presente se observado o contexto.
III. Ricardo Freire, ao manifestar sua preocupação, se vale da reprodução irônica da estrutura que está criticando.
IV No texto, o título “O futuro do gerúndio” constitui uma ambigüidade.
a) VFVV
b) FVVV
c) FFVV
d)FVVF
e)VFVF
GABARITO
1. (UFMG) O uso desnecessário do gerúndio em algumas locuções verbais, como “estar recortando”, “estar fazendo cópias”, “estar deixando discretamente”, “não consiga estar falando”, “sem estar espalhando” etc., parece ter contaminado a língua portuguesa, como sugere o autor do texto. O gerúndio é uma forma verbal que dá a idéia de continuidade, de ação em processo. Nestes casos, está usado inadequadamente porque o sentido que se pretende é o de ação presente / futura, que será realizada. O correto seria usar o infinitivo (recortar, imprimir, fazer cópias, deixar discretamente, consiga falar, sem espalhar).
2. (FUVEST)
a) Se se considera “erro” o uso lingüístico que não se ajusta ao uso consagrado e nem atende às circunstâncias em que determinado mecanismo costuma ser empregado, então a construção “vou estar transferindo” pode ser tida como errada, ou seja, inadequada em relação às normas vigentes. O nome gerundismo designa, com efeito, a tendência a indicar o futuro simples por meio da construção IR + ESTAR + GERÚNDIO. O que o uso consagra é indicar o futuro por meio do verbo IR (no presente) + infinitivo: eu vou transferir. A construção IR + ESTAR + GERÚNDIO é legitimamente usada no contexto em que se indica uma ação futura que será praticada simultaneamente a outra ação mencionada também no futuro. Por exemplo: Amanhã, quando você estiver fazendo a prova, eu vou estar voando para Recife. Já na construção “Ela está falando bonito” é habitualmente usada para indicar uma ação simultânea ao ato da fala, com tendência continuativa. O uso da locução ESTAR (presente) + GERÚNDIO, em lugar da forma simples do presente do indicativo, é corrente e tida como normal em nossa linguagem.
b) O sufixo -ismo anexado à palavra gerúndio para formar gerundismo veicula, neste caso, a idéia de tendência viciosa, mania, mau uso. O mesmo valor do sufixo verifica-se, também, por exemplo, em consumismo, oportunismo, modismo.
3. c) FFVV
Fantástico o texto do Schmitz!
E eu discordo de quase tudo que disse o Schmitz. Não acredito que o fato de a maioria dos brasileiros não entender de inglês nos sirva como prova de que essa língua não influenciou nessa onda de gerundismo que vem afundando a nossa. Do contrário, acho que somos influenciados pelo inglês em mais aspectos do que nos damos conta. Sem contar que modismos pegam não pela difusão de um conhecimento, mas pelo ciclo vicioso do eu imito alguém e um outro alguém me imita. E o francês tem gerúndio, sim, apesar de não ser muito usado pelos francófonos.
Estou ao lado do Ricardo Freire. Acho o gerundismo irritante e vou começar a repassar o seu texto por e-mail. Quem sabe assim a moda do anti-gerundismo pegue e eu não tenha mais que ouvir as pessoas desprezando todos os tempos verbais em favor dos gerúndios.
Quanta polêmica causa a língua portuguesa! Ao contrário do desejo de muitos falantes, o nosso idioma está num constante processo de modificação causado pelo próprio uso da língua por esses mesmos falantes. Várias pesquisas mostraram que o desejo dominante é que o português se mantenha estático, porém como qualquer outra ciência, ele sofre e continuará sofrendo mudanças. Os neologismos semânticos, as gírias, entre outras “novidades” da língua vêm da nossa própria maneira de falar. Por mais que os puristas reclamem desse novo fenômeno: o “gerundismo”, seu uso já está impregnado no nosso cotidiano. Eu ,particularmente, acredito que essa nova estrutura seja desnecessária. Entendo que as pessoas a utilizem por acharem que ela expressa polidez, uma vez que surgiu no jargão do telemarketing (setor que teoricamente se utilizaria da língua padrão) , mas torna um diálogo simples mais longo e repetitivo.
Então vamos nos unir para estar acabando com esse uso desnecessário!
Oshi humorzinho sem vergonha!
Concordo com Robert Schmitz quando ele diz que o gerúndio é uma marca registrada da língua poruguesa. Mas ter que aceitar o uso de “vou estar transferindo sua ligação” é algo completamente diferente, já que neste último caso trata-se de um vício de linguagem. Surgiu na verdade de um erro de tradução (como o próprio Robert Schmitz disse “os falantes em questão nem sempre dominam o inglês o suficiente”).
A língua portuguesa é rica e versátil e está aí para ser explorada. O problema é que enquanto línguas como o inglês e o francês evoluem com o surgimento de palavras novas, principalmente no campo da informática (já que os franceses não aceitam falar “mouse”, “pc” ou “bulling” e traduzem TUDO o que conseguem para o francês pois não acham sua língua inferior a nenhuma outra!!!), o brasileiro aceita que sua língua fique em segundo plano. Digamos SIM ao português “do bom negro e do bom branco da nação brasileira” que ainda não foram infectados com o vírus do gerundismo!
Marijane muita legau